Powered By Blogger

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Dossiê Aquecimento Global - PARTE 2

O planeta mais quente


O aquecimento global é – como o próprio nome já diz – o aumento da temperatura dos continentes e oceanos da Terra. É um fenômeno que preocupa a comunidade científica, uma vez que mais e mais indícios apontam para um importante papel do homem nesse processo. Acredita-se que o uso de combustíveis fósseis e outros processos industriais estão causando a acumulação na atmosfera de gases propícios ao efeito estufa, como o CO2 (dióxido de carbono), o metano, o óxido de azoto e os CFCs.

Há muito tempo os cientistas sabem que esses gases são capazes de reter a radiação infravermelha do Sol na atmosfera. É dessa maneira que a temperatura da Terra é mantida estável. O problema é o aumento do efeito estufa: mais radiação infravermelha é mantida na atmosfera e, com isso, a temperatura da Terra sobe. Esse aumento pode trazer sérias consequências ao nosso planeta, colocando em risco, inclusive, a sobrevivência de toda a vida.

O aumento da temperatura da Terra vem sendo percebido desde a década de 1850, e é difícil precisar o quanto essa manifestação é natural e o quanto é causada por atividades humanas. Os cientistas acreditam que uma certa flutuação da temperatura global vem ocorrendo naturalmente durante várias dezenas de milhões de anos e, em algumas décadas, de maneira mais brutal.

As oscilações anuais da temperatura da Terra, verificadas ao longo do século XX, foram bastante próximas das verificadas no século XIX. Levando-se em conta que os séculos XVI e XVIII foram considerados frios pelos cientistas – numa escala de tempo curta, que não engloba as idades do gelo –, até há pouco tempo alguns acreditavam que o atual aquecimento ainda era uma maneira natural de o planeta se recuperar dessa variação.

Porém, estima-se que neste século ocorrerá um aumento de temperatura de 2º a 6º C. A projeção chama a atenção porque é a maior elevação do que qualquer outra já registrada desde o surgimento das primeiras civilizações. Esse é um fato que os cientistas acreditam ser um grande indício do papel humano nesse fenômeno, em parte, natural.

O homem mexe no clima  

Desde seu aparecimento na Terra, os seres vivos enfrentaram períodos longos de mudança natural do clima. O mais famoso teria sido motivado pela queda de meteoritos, que casou a extinção dos dinossauros. O mais recente, chamado de Pequena Era Glacial, aconteceu no começo da Idade Média (século V), e provocou fome em regiões do hemisfério Norte, mudanças nos ecossistemas e migrações em massa para lugares mais quentes. Até então, foram mudanças provocadas por fenômenos naturais.

Atualmente, os cientistas alertam para um fenômeno contrário: a temperatura média da Terra aumentou quase 1ºC nos últimos 140 anos. Parte da comunidade científica suspeita tratar-se de um aquecimento natural, decorrente de um processo que periodicamente alteraria o clima do planeta. No entanto, para muitos, o fenômeno atual é consequência das atividades humanas.

A queima de combustíveis fósseis – carvão e derivados do petróleo, como gasolina e óleo diesel – e de florestas, campos e pastagens alteram o equilíbrio dos gases que formam o cobertor da Terra – a camada, a grande altitude, que provoca o efeito natural de estufa, mantendo o planeta aquecido. Não fosse esse cobertor, o planeta seria 30ºC mais frio. Mas, com o engrossamento do cobertor, a temperatura sobe – como ocorre com qualquer pessoa que esteja superagasalhada –, provocando a intensificação do efeito estufa.
    

COP 15, um fiasco

Entre os dias 7 e 19 de dezezmbro 2009, representantes de 193 países, entre os quais do Brasil, reuniram-se em Copenhague, capital da Dinamarca, para debater os efeitos das alterações climáticas no planeta e negociar medidas contra o aquecimento global – a elevação descontrolada da temperatura por causa da emissão de gases-estufa.

Sob olhares atentos do mundo e a pressão de organizações ambientalistas, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 15) teve como missão conciliar os interesses de países ricos e nações em desenvolvimento sobre as metas de corte de emissões de gases como CO2, metano e outros, que podem provocar um colapso climático no planeta.

Para os países menos desenvolvidos, a Conferência do Clima deveria definir mecanismos para compensar a redução de emissões pelo desmatamento de florestas e estabelecer valores de financiamentos pagos pelos países ricos – os maiores poluidores – para ajudar os mais pobres a se adaptarem às alterações no clima. 

Acordo sem força de lei

Em duas semanas de inflamados debates e de várias manifestações de ativistas, a maioria reprimida por policiais dinamarqueses com cacetetes, gás lacrimogêneo e até prisões, a COP 15 chegou ao fim sem nenhum acordo efetivo sobre o combate às mudanças climáticas no planeta.

Na prática, o documento final não tem força de lei internacional. A proposta foi aprovada no último dia da COP 15 com a ressalva de que muitos países a rejeitaram. Cuba, Venezuela, Bolívia, Sudão e Tuvalu, uma pequena ilha da Polinésia que deverá desaparecer sob as águas por causa do aquecimento, não aceitaram o documento.

Alinhavado de última hora, o Acordo de Copenhague não estabelece as metas de reduções de emissões de gases-estufa. Apenas determina que os países têm até 1º de fevereiro para apresentar seus planos. Os cientistas recomendam uma redução de, no mínimo, 25% nas emissões até 2020, enquanto os países calculam algo como 20%. Pela proposta, o limite para o aumento da temperatura da terra vai ser de 2 graus até 2020.

Financiamentos

Os países ricos se comprometeram a disponibilizar financiamentos às nações mais pobres, para que possam se adaptar às mudanças climáticas e cortem suas emissões. A ideia é liberar US$ 10 bilhões por ano até 2015, US$ 50 bilhões até 2020 e US$ 100 bilhões até 2050.

Muitos países, incluindo os europeus e o Brasil, ficaram decepcionados com resultado da Conferência do Clima. Agora, esperam que o acordo possa ser melhorado na COP 16, que será realizada na Cidade do México, capital mexicana, em 2010.

As organizações não-governamentais classificaram o fracasso da Conferência de Copenhague como uma “vergonha climática”. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário