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sexta-feira, 17 de agosto de 2012

DEZ LUGARES LUGARES BIZARROS PARA FÉRIAS


Dez lugares bizarros para férias

A revista brasileira Mundo Estranho traz na penúltima edição os dez lugares mais bizarros para passar férias. “Praias de areia branca e chalés na montanha são para fracos. Comece já a fazer as malas para ver cemitérios, bunkers, favelas e usinas nucleares”, desafia-se.
No topo do ranking está o campo de extermínio Choeung Ek, em Phnom Penh (Camboja). Em 1975-78 morreram aí dois milhões (um quinto da população do país), na ditadura doKhmer Vermelho. Hoje expõe-se 5.000 crânios, empilhados em redomas, separadas por idade e sexo. Os guias contam como se perecia: as crianças eram atiradas a árvores. Ao pé fica a prisão Tuoi Sleng, convertida em museu e que ainda preserva manchas nas paredes. O acesso a ambos os locais é a 1.5 euros (4,4 reais).
A ida aos três campos de concentração de Auschwitz (Polónia), usados na II Guerra Mundial, começa com um vídeo e segue por celas, câmaras de gás e crematórios, onde morreram mais de um milhão de pessoas. Continua-se por Auschwitz 2, ou Birkenau, subindo ao circuito de torres de vigia e obtendo a vista geral do complexo. A ida vale 37.5 euros (113 reais). O espaço atrai meio milhão de turistas por ano.
O passeio à fábrica de Chernobil (Ucrânia) – alvo do maior acidente nuclear de sempre, que em 1996 contaminou um raio de 30km – custa 86 euros (260 reais) e, por precaução, à entrada e saída mede-se a radiação, mostrando que desta vez não há sequelas. O roteiro inclui o sarcófago que selou o reactor 4, um hospital, escola e parque, as vilas-fantasma e, com sorte, uma “palestra” de algum ex-morador.
O decadente quatro estrelas Hôtel des Mille Collines, em Kigali (Ruanda), com 112 suites (diária a 108 euros ou 326 reais), mantém intacta a piscina onde 1.000 tutsis se esconderam com aval solidário do dono, durante o genocídio de 1994, que em 100 dias gerou um milhão de mortes.
tour na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro (Brasil) vale 100 reais (33 euros) e exige ir em fila indiana, não dar dinheiro a crianças nem fotografar sem permissão. Por vezes o pacote inclui rápida conversa com traficantes. Já o templo Karni Mata, em Deshnot (Índia), tem 200 mil ratossagrados à solta. A entrada é grátis, mas cobra-se 20 rúpias (0,3 euros ou 1 real) para fotografar e 40 para filmar.
Os túneis de Cu Chi (Vietname), abrigo na Guerra do Vietname (1959-75), têm seis níveis, alguns muito estreitos para dificultar o acesso (houve adaptações para turistas). O viajante passa igualmente por simulações de armadilhas, tem uma refeição à vietcongue e pode dar tiros de rifle. O pacote fica por 3.5 a 8.3 euros (11 a 25 reais).
Em Troywood (Escócia), há 40 metros abaixo do solo umbunker que mede dois campos de futebol, preparado para ser quartel-general do país em caso de ataque nuclear na II Guerra Mundial. Possui 1800 camas, capela e até estúdio daBBC. Para entrar é preciso 20 a 30 reais.
A enorme Penitenciária de Luisiana (EUA), com 5.000 detidos e 1.800 funcionários, não permite acesso às celas ou presos, mas apresenta uma exposição grátis onde revela o tipo das celas, armas apreendidas ou a primeira cadeira eléctrica local, usada em 1941-91.
Por fim, o cemitério de Père-Lachaise, em Paris (França). Abriu em 1804 e, para “atrair” a elite, o Estado transladou para lá ossadas de notáveis, que jazem hoje ao lado dos escritores Balzac e Oscar Wilde ou dos músicos Chopin, Edith Piaf e Jim Morrison (o mais visitado). A procura de lugar para campa disparou e o campo santo pulou de 17 para 43 hectares
Por sua vez, o suplemento Fugas, do jornalPúblico, publica esta semana um dossier de turismo trágico (dark tourism ou turismo sombrio, da memória, das trevas), tido como uma forma crescente e contraditória de ocupar as férias. O jornalista Luís Maio visita palcos de guerra, de catástrofes naturais ou até pontes “de” suicidas, como a Golden Gate de São Francisco.
Apelidado pelos docentes universitários escoceses Marcolm Marcolm Foley e John Lennon, em 2000, este género de turismo “evoca o lado negro da natureza humana, num misto de reverência, voyeurismo e excitação de chegar perto da morte”. Férias para ver desgraças? Sim, responde uma minoria. A ideia de congelar factos e renascer lugares é velha. Iniciou na peregrinação a locais de martírio de santos e heróis.
Dentre os lugares de culto cita-se prisões-fortaleza como a senegalesa ilha de Gorée, a americana Alcatraz, a francesa Joux (Doubs) onde viveu o rebelde haitiano Toussaint Louverture e os castelos Elmira, Cape Coast e Christiansborg, no Gana, símbolos da escravatura colonial tricentenária e tornados Património da Humanidade.
O rol acrescenta cidades asiáticas pós-tsunami; Nova Orleães pós-furacão Katrina; o ground zero do nova-iorquino World Trade Center; as ruelas londrinas dos crimes de Jack o Estripador, a aldeia conterrânea de Soham, onde foram assassinadas duas meninas, e viagens guiadas às morgues vitorianas.
O lote inclui ainda países onde se permite a eutanásia, daBélgica à Suíça; bairros de lata de Bombaim, Joanesburgo ou Rio de Janeiro; antigas arenas de gladiadores da Roma antiga; ou locais de execuções públicas na Idade Média. A terminar, aborda-se o chamado turismo do juízo final, com passeios às maravilhas ameaçadas de morte, desde icebergues, grandes barreiras de coral ou paraísos como a Antárctida ou as Galápagos.
Alma de Viajante já tinha abordado o dark tourism, relativamente a lugares assombrados, novos hotéis-prisão e um roteiro nectrológico uruguaio.

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